PEC do voto impresso pode “dançar” antes do recesso

Em uma manobra dos partidos, a Comissão Especial que discute a PEC 135/19, que trata do voto impresso já a partir das eleições de 2022, pode “enterrar” a proposta em sessão convocada para as 15h desta sexta-feira (16), ao apagar das luzes do Congresso antes do recesso parlamentar.

A auto-convocação foi articulada pelo deputado Hildo Rocha (MDB-MA) e contou com a adesão de membros de 12 partidos. MDB, PT, PSDB, PDT, Solidariedade, PC do B, PV, Republicanos, PSOL, DEM, PSD e o Patriota, partido que pode filiar o presidente Jair Bolsonaro, defensor do voto impresso. A comissão tem 34 membros. Desses, 20 estão contrários à PEC.

Na semana passada, o presidente da República chegou a dizer que “sem voto impresso não terá eleição em 2022”. Em seguida, após uma reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, deu outra versão à frase, dizendo que só a impressão na apuração garantirá a lisura necessária para considerar o pleito uma verdadeira eleição.

O objetivo da reunião deliberativa é submeter à comissão, nesta sexta-feira, o relatório do deputado Filipe Barros (PSL-PR), que implementa o voto impresso, e derrotá-lo ainda antes do início do recesso, neste sábado (17). 

Em seguida, querem nomear novo relator, desta vez contrário ao voto impresso em 2022, para produzir um novo documento e enterrar de vez o assunto. Isso porque, sem o aval da comissão, o projeto do voto impresso não pode ser levado ao plenário da Câmara.

“Não digo que é ruim, sou até a favor, mas não dá tempo para o ano que vem”, afirma deputado Hildo Rocha (MDB-MA). Nas palavras de um dos  deputados que participaram da articulação, a ideia é “encerrar a discussão do voto impresso e seguir em frente”.

Esse mesmo grupo vinha tentando votar o projeto de desde o final de junho, quando líderes de onze partidos que se declararam contrários à impressão do voto no processo de apuração dos resultados das eleições. Em seguida, esses líderes trocaram deputados que compunham a comissão por parlamentares comprometidos em votar contra o projeto defendido por Jair Bolsonaro. 

Ao perceber que estavam em minoria, o presidente da comissão, Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), e o relator Barros, passaram a adiar a votação, e os líderes do bloco anti-voto impresso então começaram a cogitar a auto-convocação. 

Ao longo do processo, Barros acenou com a possibilidade de acordo na confecção de seu relatório, mas todas as pontes acabaram cortadas quando ele apresentou um parecer que, segundo os deputados, “acaba com o voto eletrônico”, ao determinar que a apuração leve em conta apenas os registros impressos, cabendo à contagem eletrônica apenas em casos de falhas ou em locais ainda não atendidos pela mudança. 

Com informações do G1

Leave a Reply

Your email address will not be published.