A conta da nossa (ir)responsabilidade chegou

Por Sony Lacerda*

A política do negacionismo não diminuiu, nem diminuirá, o aumento dos casos de Covid-19, e eu falo aqui da Paraíba. Observando conversas de grupos de WhatsApp, dos quais faço parte como espectadora, vejo que as pessoas criticam a falta de vacina, mas não querem criticar o Governo Federal. Aliás, vira e mexe, citam a campanha eleitoral de 2020, e da qual todos fizemos parte, seja na cobertura, seja trabalhando, ou sendo apenas militante. Ninguém reclamou.

Mas, vamos pensar que, a campanha passou, e a conta chegou. Bem cara, por sinal. Vamos pensar que tivemos as festas de Natal e Ano Novo, canceladas pelo Poder Público, mas a colaboração foi mínima. Tivemos o Carnaval recentemente e a conta vai chegar. As pessoas, me parece, não muito preocupadas em estar nas ruas. Eu vou dizer uma coisa, as aglomerações me parecem muito maiores do que antes da pandemia.

Até parecem que todos querem testar os limites da doença. Há quem diga que não houve fiscalização e que, por isso, as pessoas se aglomeram. Volto a me questionar se as pessoas não são responsáveis por ela mesmas. Quem dirige o carro? Quem senta na mesa de um bar e pede a bebida? Quem se aglomera sem máscara? Não é a fiscalização. Há falhas, óbvio. Mas, ação sem adesão não se chega a lugar nenhum. Assumam suas responsabilidades.

Esses dias assisti a um vídeo de uma profissional de saúde que, chorando, pedia que as pessoas, se não preocupadas com o próximo, o fizessem por elas mesmas. É como se pensassem que há “um tubo” à espera, sem fila, leitos sobrando, tapete vermelho… Ser intubado, para quem não quer entender ou não sabe, não é apenas colocar soro na veia. Para os que já passaram pela experiência e saíram vivos, contam que chega a ser desesperador pelo simples fato de não saber se voltará.

Voltando aos grupos de WhatsApp, observo pessoas querendo culpar os governadores que receberam o dinheiro do Governo Federal e “roubaram”. Se roubaram, que paguem, sejam cassados, recebam a punição que lhes couberem. Mas isso não pode ser usado como justificativa para o avanço da doença. Porque a transmissibilidade não acontece por transferência de recursos federais, concordam? Ocorre por falta de políticas públicas eficazes e de conscientização de pessoas que só sabem reclamar, mas atitude passou longe.

A inércia do Governo Federal, essa não pode ser desconsiderada. Quer dizer que se mandou o dinheiro, tá okei? Não está. Vamos parar com esse proselitismo político que gira em círculos viciosos de poder enquanto as pessoas morrem. Pessoas que tem uma imensa parcela de culpa. O que fazem nas ruas sem máscaras? Que história é essa de achar que são ‘blindados’ ou imunes à Covid-19?  Já passamos da fase de que é só uma gripezinha, vocês não acham?

Sony Lacerda é Diretora Executiva do Blog

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