Veneziano e Pedro contra João e pela sobrevivência política

Conforme o Blog Sony Lacerda antecipou, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) confirmou a aliança com o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), neste segundo turno das eleições na Paraíba.

Adversários históricos em campanhas estaduais e em Campina Grande, reduto eleitoral de ambos, agora se unem para derrotar o governador João Azevêdo (PSB) nas urnas.

Nessa aliança, Pedro tem mais a ganhar do que Veneziano. É fato!

Também é preciso dizer que a união não é ilegal. Não será a primeira vez que grupos adversários na Paraíba se unem em eleições, nem que na próxima o “divórcio” venha.

A união mais emblemática e menos esperada na histórica – Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho – está aí para provar que, na política, os diferentes esquecem as diferenças quando a está em jogo a sobrevivência de grupos de poder.

A última vez que um Cunha Lima esteve à frente do Governo da Paraíba foi em 2009, quando Cássio era governador e teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral – não há de se falar do mérito da questão. De lá para cá, são 13 anos.

Em que pese Cássio ser o maior articulação da campanha de Pedro ao governo e da chegada de Veneziano à campanha. É inegável.

A decisão de Veneziano não foi surpresa pelos atos e discursos do emedebista – distanciamento, apoio a aliados “de ocasião”, como tem repetido – desde o rompimento com João, em janeiro deste ano.

“É o melhor projeto para a Paraíba”, declarou Veneziano em um discurso curto. O emedebista ficou em quarto colocado na disputa em primeiro turno com 373 mil votos. Volta ao Senado para cumprir mais quatro anos de mandato.

“Chegou um tempo de atender a uma mudança profunda em um modelo de gestão que não funciona. Existe um movimento acontecendo e você, Veneziano, faz parte. Faremos um governo colaborativo”, declarou Pedro, ao agradecer o apoio.

Pedro disse que vai incorporar parte do conteúdo programático de Veneziano, em especial o combate à fome, pauta prioritária do ex-presidente Lula (PT).

Veneziano chegou à sede do MDB, nesta sexta-feira (7), com o botton de Lula de um lado e o de Pedro, do outro. Já o tucano tem sido pressionado a declarar apoio oficial e público ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

O fato é que a direita conservadora não vota em João, muito menos em Lula. Restaria o voto a Pedro, mas querem gestos, que parecem que não virão. O tucano adotou discurso de neutralidade.

E mais: é preciso saber como Campina Grande reagirá a essa união. Quem acompanha política na Rainha da Borborema sabe o quão dividida a cidade fica em período de eleição, principalmente a municipal.

A chegada de Veneziano ao grupo Cunha Lima é muito mais para buscar derrotar a família Ribeiro – a senadora Daniella, o deputado federal Aguinaldo e Lucas, candidato a vice-governador na chapa de João.

O emedebista não gostou da entrada do Progressistas na base do governo e tem repetido que fez muito por João e recebeu pouco em troca, com gestos do socialista ao Progressistas.

Eleito senador e presente ao evento nesta manhã, Efraim Filho lembrou que Veneziano foi um dos primeiros a apoiar a sua candidatura ao Senado, quando ainda estavam todos na base do governador João Azevêdo.

Lembrou que vai assumir a cadeira de José Maranhão (MDB), que morreu em decorrência da Covid-19 no exercício do mandato. A suplente Nilda Gondim assumiu a titularidade, mas decidiu deixar a vida pública e não disputou as eleições. E brincou: “Foguete não dá ré, mas dá carona”.

Se essa união dos grupos terá desdobramentos para as eleições municipais de 2024, saberemos em janeiro de 2023, a depender do resultado do dia 30. Resta ao eleitor anotar para saber se é sólida ou de ocasião.

Assista aqui ao anúncio:

Leave a Reply

Your email address will not be published.