Ameaça às eleições agora vem das Forças Armadas

A nova ameaça, dessa vez vindo do ministro da Defesa, general Braga Neto, de que sem voto impresso, não haveria eleições em 2022, acendeu o sinal de alerta no Congresso Nacional, ou pelo menos deveria. Matéria publicada pelo Estadão, nesta quinta-feira (22), diz que, no dia 8 deste mês, o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (Progressistas-AL), recebeu recado direto do ministro, por meio de um importante interlocutor político.

O general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022, se não houvesse voto impresso e auditável. Ao dar o aviso, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. No mesmo dia, em conversa com apoiadores no “cercadinho” do Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro repetiu o mesmo discurso: “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”.

A questão é: as Forças Armadas estão “comandando” a suposta tentativa de golpe, fazendo com que o capitão repita o discurso dos generais, ou é o contrário? Seja quem estiver no comando, o que fica claro é a busca constante pela ruptura do processo democrático. E, a essa altura do campeonato, não dá para retroceder.

E o Congresso? Que tem o poder de colocar freio? Calado. Sabe porque, caro eleitor, o Centrão tem bilhões em emendas nas mãos, praticamente inviabilizando o orçamento para este ano e já enchendo os bolsos com um “fundão” eleitoral de R$ 5,7 bilhões.

“A quem interessar, diga que, se não tiver eleição auditável, não terá eleição”. A afirmativa de Braga Neto nos corredores do Congresso, levou o deputado Arthur Lira ao Palácio do Planalto para uma conversa com Bolsonaro De acordo com relatos obtidos pelo Estadão, o presidente da Câmara disse ao chefe do Executivo que não contasse com ele para qualquer ato de ruptura institucional.

Líder do Centrão, bloco que dá sustentação ao governo no Congresso, Lira assegurou que iria com Bolsonaro até o fim, com ou sem crise política, mesmo se fosse para perder a eleição, mas não admitiria golpe. O presidente teria respondido que nunca havia defendido um golpe.

Afirmou ao parlamentar, ainda, que respeitava “as quatro linhas da Constituição”, como sempre costuma dizer em público. Lira rebateu, observou que o emissário havia sido muito claro ao dar o alerta e avisou o presidente de que a Câmara não embarcaria em nada que significasse rompimento com a democracia.

A ida do presidente nacional do Progressistas, senador Ciro Nogueira, para a Casa Civil pode ser um indicador de que Bolsonaro tenta acalmar os ânimos do Centrão, que hoje comanda o País, é notório.

O golpe está aí, cai quem quer.

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