Um dia após o início da interdição ética do Complexo Hospitalar de Mangabeira (Trauminha), determinada pelo Conselho Regional de Medicina, o juiz federal Manuel Maia de Vasconcelos Neto considerou que o CRM não tem competência para interditar o complexo hospitalar e autorizou a sua reabertura. A decisão é deste domingo (31).
A interdição ética não fecha o Trauminha, mas recomenda aos médicos da instituição que não trabalhem devido às condições precárias. Durante vistoria realizada pelo CRM, na última segunda-feira (24), foram identificadas diversas inconformidades, como estrutura predial e higiene precárias (vazamentos, paredes sujas, infiltrações, presença de barata), falta de privacidade e roupa de cama nos leitos, iluminação e ventilação insuficientes, falta de medicamentos, espera superior a sete dias por cirurgia, além de escala médica incompleta nos sábados e domingos.
O Trauminha de Mangabeira atende, além de João Pessoa, a população de outros 62 municípios. Este ano, segundo a Secretaria de Saúde do Município, já realizou mais de 46.886 atendimentos e mais de 3.700 cirurgias. Ao acatar o pedido de liminar, em ação ajuizada pelo Município, o juiz alega que “a pretexto de contribuir para a dignidade do atendimento à população, a medida tomada (pelo CRM) implicaria, isto sim, em maiores danos”.
De acordo com o procurador-Geral do Município, Adelmar Régis, a Justiça reconheceu que a interdição gera perigo de danos irreversíveis a pacientes em tratamento na unidade hospitalar. “O juiz afirma que, ao interditar eticamente as atividades do Trauminha, o CRM está atentando contra a própria política de saúde, pois o hospital é referência para a população de João Pessoa na área da traumatologia” , destacou Adelmar.
Uma coisa é certa. O Trauminha, do jeito que está, com problemas que não vêm de hoje, que o diga os pacientes lá atendidos, não dá para continuar. É preciso que o próprio Poder Público tem a iniciativa de interditar.
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