Impeachment de Dilma: golpe de estado ou golpe parlamentar?

Postagem do ex-presidente Michel Temer, em resposta às declarações do presidente Lula sobre Dilma Rousseff ter sido vítima de um “golpe de estado”, reacendeu a discussão.

Foi golpe de estado, no sentido literal do termo?

Vamos lá. Se Lula se refere a um “golpe político”, ou “golpe parlamentar”, acrescido de misoginia, sem falar no fato de que Dilma não quis ceder às chantagens de Congresso, sim, foi um golpe e previsível. 

A oposição, à época, enxergou o motivo é cavou a oportunidade. Encontrou a brecha das pedaladas fiscais que, diga-se de passagem, foram cometidas por outros presidentes de plantão no Palácio do Planalto. Esse crime seria forte o suficiente para um impeachment? Não.  

Golpe parlamentar é golpe de estado?

Apesar de algumas publicações, em pesquisa no Google taxarem de golpe de estado, a definição do termo já mostra certo contrassenso. Não houve tomada de poder à força, não envolveu militares, não voltamos à ditadura, o Congresso não foi fechado. Não aconteceu de forma ilegal, foi votado. 

E, quem assumiu, foi Michel Temer, eleito até então democraticamente ao lado de Dilma.

Se eu acho que Dilma deveria ter sido cassada, não. Pelos motivos que já expus acima. Agora, o rito processual, conduzido pelo Supremo Tribunal Federal, que culminou no impeachment, foi legal.

Quando Temer diz que Lula precisa olhar para a frente, acerta. Se o ex-presidente emedebista “tramou” contra Dilma, fica o “peso” da consciência e a história dará a resposta. Certamente, era o mais interessado, e o beneficiado direto.

Insistindo no olhar para a frente, Lula precisa fazer uma DR com o MDB porque ambos precisam. O partido está dividido entre os que apoiam o petista, e com cargos e prestígio no governo, e os que estão ao lado de Temer. Aliás, muitos que votaram sim ao impeachment andam abraçados com o petista.

Então, se foi golpe, o MDB foi fiador majoritário.

Esse capítulo da história não pode e nem deve ser apagado. Mas, ao invés de um ranço eterno, que o PT e Lula parecem cultivar, e em que pese os dois terem deixado Dilma de lado pós-impeachment, pode-se tirar lições deste, seja para o presidente, para Dilma e o própria política.

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