Câmara de JP promove debate contra intolerância religiosa

A Câmara de João Pessoa reuniu representantes de diversas religiões, como as de culto africano, católica, evangélica, budismo e da doutrina espírita, para um debate sobre “Liberdade, Diversidade e Intolerância Religiosa”. A sessão especial foi proposta pela vereadora Cris Furtado (PSB).

“Sou suplente e não poderia passar por essa Casa sem abordar esse tema porque é um resgate histórico e uma obrigação de todo cidadão e cidadã. O debate sobre esse tema vai ampliar nossas percepções nos ajudar a integrar esse mundo diverso em que vivemos”, disse a parlamentar.

A primeira oradora foi Tânia Correia, mãe de santo: “Nossa pauta, muitas vezes, é promessa de campanha, mas depois é esquecida. A liberdade e a diversidade religiosa são assuntos que ainda precisam ser discutidos tanto na sociedade quanto em espaços como esse. Precisamos eleger quem nos representa e não quem perpetua preconceitos e estimula discursos de ódio”.

A vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Paraíba, Rafaella Brandão, elogiou a iniciativa de debater o respeito às religiões. Apesar de ser católica, ela destacou a importância dos cultos de origem africana. 

“O povo africano foi quem construiu esse país com muito sofrimento. Eu me dirijo diretamente a ele porque ainda hoje ele é majoritariamente marginalizado. Não devemos participar de rodas em que haja racismo de qualquer espécie, seja ele denominado até de ‘recreativo’. A OAB empreenderá todos os esforços para que tenhamos uma sociedade paritária, isonômica e respeitosa”, afirmou.

Franklin Soares, membro da Comissão de Liberdade Religiosa da OAB Nacional, pontuou que, apesar de o estado ser laico, ele manifesta preferência por alguns segmentos religiosos. O advogado também alertou que o ódio é abastecido pela condescendência. 

“Isso se dá quando deixamos uma piada ou um comentário depreciativo com determinado credo passar sem recriminá-lo. Da mesma maneira que não podemos conceber salários diferentes para homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo, também não podemos aceitar que a polícia aborde de maneira distinta quem é preto e quem é branco, mas sabemos que essa diferença existe. E que isso se dá também em relação à religião”.

Secretário de Meio Ambiente da Paraíba, representando o Governo, o sargento Dênis Soares enalteceu a discussão realizada a pedido da vereadora Cris Furtado: “Essa Casa cumpre seu papel e tenho muito orgulho dos representantes de todas as religiões e filosofias de vida. Evoluímos muito porque esse tipo de sessão nunca aconteceu aqui”.

Também presente a sessão, o bruxo Saulo Gimenez, presidente do Fórum da Diversidade Religiosa da Paraíba que entregou uma carta do segmento. A capital é uma das três cidades onde mais se cometem crimes de intolerância religiosa”, destacou. 

O documento foi entregue a Cris Furtado para chegar ao conhecimento do presidente da CMJP, vereador Dinho Dowsley (Avante).

Ao encerrar a sessão, Cris Furtado lamentou que no Século XXI ainda seja necessário discutir o direito de crença, mas ressaltou que pessoas valorosas como as que participaram do debate estão dispostas a lutar não apenas pela tolerância, mas pelo respeito: 

“Todos temos o direito de existir de forma plena. Sou uma defensora da educação e entendo que esse trabalho aqui hoje também é de educar a população para entender e respeitar as diferenças”.

Advogado Franklin Soares, da Comissão da OAB Nacional

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