Braga Netto diz que Golpe de 64 foi pacificação

O novo ministro da Defesa, Braga Netto, mostrou o porquê de ter sido nomeado para o cargo, mesmo com a insatisfação . Em nota divulgada na noite desta terça-feira (30), o general diz que o “Golpe de 64”, que instituiu a ditadura do Brasil no dia 31 de março de 1964, diz que as Forças Armadas, à época, “acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País” e a data, segundo ele, merece ser celebrada.

Não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) flerta com a data e, recentemente, entrou na Justiça para ter direito a comemorar o golpe que para ele não foi golpe. Colocar as Forças Armadas em uma saia justa, no que se refere ao Golpe de 64, vem sendo tentada desde 2019. Braga Netto afirma que é uma data a ser comemorada.

A nota só mostra que o general Braga Netto assume o ministério apenas para que isso seja possível. É isso Brasil. Nos transformamos em um País em que a democracia é a menos valorizada, apesar de ser “cantada” aos quatro cantos, mas por bocas vazias.

Confira à íntegra da nota:

MINISTÉRIO DA DEFESA
Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964

Brasília, DF, 31 de março de 2021


Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época.

O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países.

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo, contando com a significativa participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência.

A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia.

Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964.

As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.

Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura.

O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população.

A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País.

O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março.


WALTER SOUZA BRAGA NETTO
Ministro de Estado da Defesa

OBS: O Blog se posiciona contrário à comemoração de qualquer data que remeta à ditadura.

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