A quem Bolsonaro tenta convencer

Após mais de um ano negando a Covid-19, a quem chamou de “gripezinha”, e com as negociações tardias para a compra efetiva e oficial de vacinas contra a doença, um “novo” Jair Bolsonaro, em pronunciamento na TV, nesta terça-feira (23), afirma que sempre cuidou da pandemia e que 2021 será o ano da vacinação no Brasil.

“Somos incansáveis na luta contra o coronavírus”, disse. A quem Bolsonaro tenta convencer. As redes sociais que o digam. Sim, porque a rede social usada pelo chamado “Gabinete do Ódio”, criado para destilar fakes de bolsonarista contra os adversários, é a mesma que “queima o filme” do presidente. Até os apoiadores sabem disso.

Bolsonaro afirmou que sempre defendeu qualquer que fosse a vacina, desde que aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Não antes de criticar a”vacina da China” ou a “vacina do Dória [governador de São Paulo]”. Defendeu mesmo a Astrazeneca/Oxford/Fiocruz. Mas, foi a CoronaVac que fez história no país, após a Anvisa liberar a vacina para uso emergencial e Dória aplicar a primeira dose no País.

O presidente voltou a afirmar que o país enfrenta dois grandes desafios, o vírus e o desemprego. “Em nenhum momento, o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus como para combater o caos na economia, que poderia gerar desemprego e fome”, ressaltou.

Dados como a compra de vacina, ainda em 2020, não conferem. Lembrando que assinar Medida Provisória garantindo recursos, sem a compra efetiva da vacina, de nada adianta. Enquanto países ao redor do mundo tomava medidas restritivas, a exemplo de lockdowns, incentivava o uso de máscara e medidas de proteção, o presidente da República andava sem pelo País, e isso inclui a Paraíba, em fevereiro passado, sem máscara”.

Se ainda não acreditam, basta dar uma passada nas redes sociais do presidente Bolsonaro, que haverá raríssimas postagens com máscara. No último domingo, data do aniversário de Jair, o mesmo levou 500 apoiadores para uma festa e sem máscara discursou e sem o equipamento de proteção permaneceu.

Aliás, bastou o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, anular as condenações do ex-presidente Lula, e o mesmo fazer um discurso contundente contra as não ações do Governo Federal para combater à pandemia, que Jair Bolsonaro apareceu, causando uma surpresa, usando a máscara. Sem falar na popularidade em queda.

O Auxílio Emergencial talvez tenha sido a única ação efetiva do Governo no primeiro ano da pandemia. Entrou 2021, e já há milhões com fome nas ruas. A nova rodada foi autorizada por Bolsonaro, através de uma Medida Provisória em tramitação no Congresso Nacional mas, de longe, será o mesmo valor, muito menos atingirá a todos que realmente necessitam nesse momento.

A falta de ação por parte do Governo Federal, leia-se a presidência da República, levou um grupo de mais de 200 empresários, banqueiros e economistas a divulgarem uma carta aberta ao Governo, como que um pedido de socorro e um alerta: “salve a população, salve a economia”.

É de se esperar que o discurso que assistimos nesta terça-feira (23) seja levado adiante. Que amanhã, ao conversar com apoiadores na saída do Palácio Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro use máscara e peça à população que o faça. Que pare de travar guerra de “menino pequeno” com governadores e prefeitos. Que as vacinas cheguem o mais rápido possível e que ele tome realmente as rédeas na condução do trabalho de combate à Covid-19.

“Ao final do ano, teremos alcançado mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população. Muito em breve, retomaremos nossa vida normal. Solidarizo-me com todos aqueles que tiveram perdas em suas famílias. Que Deus conforte seus corações!”, disse Bolsonaro, no dia em o Brasil ultrapassou a marca de 3 mil mortes por Covid-19 em 24 horas.

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