Lula ataca Moro e se diz vítima de “mentira jurídica”

“Sei de que fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história [do Brasil]”. Foi o que afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em transmissão ao vivo nesta quarta-feira (10). Ele atacou o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e agradeceu ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, no primeiro pronunciamento após a anulação das condenações na Operação Lava Jato.

Sem assumir se irá disputar a eleição em 2022, Lula falou como candidato por cerca de uma hora e meia e depois respondeu perguntas por mais uma hora. Relembrou seus anos de governo e pregou a união entre os brasileiros, em uma cutucada ao atual presidente. Mas o principal alvo foi mesmo Moro e a Lava Jato.

Em discurso na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, o ex-presidente declarou também que ainda espera que Moro seja considerado um juiz parcial. “Tenho certeza que hoje ele [Moro] deve estar sofrendo muito mais do que eu sofri. Tenho certeza que o [procurador Deltan] Dallagnol está sofrendo muito mais do que eu sofri, porque eles sabem que cometeram erros, e sabia que não tinha cometido erros”, disse o presidente.

Lula tentou evitar falar em candidatura, mas cometeu um ato falho e chegou a pedir votos. “O mercado quer ganhar dinheiro vendo o povo virar consumidor nesse país? Comendo coisa de melhor qualidade, viajando. Tem que votar em mim. Agora, se quiser ver, às minhas custas, a entrega da soberania nacional, não votem em mim, tenham medo mesmo. Por que nós não vamos privatizar. (…) O mercado quer que eu libere armas? Não vote em mim, porque eu vou distribuir livros, nós vamos gerar emprego e ter carteira profissional assinada”.

O ex-presidente também agradeceu ao ministro Fachin, que anulou as sentenças contra o petista, mas criticou a demora na decisão. Anteontem foi um dia gratificante. Sou agradecido ao ministro Fachin porque ele cumpriu uma coisa que a gente reivindicava desde 2016. A decisão que ele tomou, tardiamente, cinco anos depois, ela foi colocada por nós desde 2016.

Em sua fala, Lula relembrou seus oito anos à frente do Brasil e procurou, sempre que pode, fazer um paralelo com o governo Bolsonaro, e acenou para os mais diferentes setores. “Para governar um país, um presidente da república tem que conversar com os sindicalistas, tem que conversar com os empresários. Me parece que o Bolsonaro só conversa com o Loro da Havan. Não tem reunião produtiva com empresários”.

E complementou: “Eu tinha um conselho com cem pessoas que participava dirigente de sindicato, empresários, índio, pastor, padre, bispo, negro, porque eu queria ouvir a sociedade. Bolsonaro não junta ninguém. Junta milicianos não mostra a cara nas entrevistas dele para dizer: ‘Vai ter mais armas, estou liberando mais quatro armas, logo logo vai ter canhão para todo mundo'”.

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