Sobrinho seria mentor da morte de Expedito Pereira

Ricardo Pereira, sobrinho de Expedito Pereira, teria planejado a morte do tio. A motivação seria financeira. A informação é de que ele administrava todo o patrimônio do ex-prefeito. O desfecho foi resultado de sete dias de investigação feita pela Polícia Civil da Paraíba. Ele está preso na carceragem da Central de Polícia desde esta quarta-feira (16).

Os delegados Vitor Melo e Emília Ferraz, que coordenam as investigações, e o superintendente da Polícia Civil da Região Metropolitana de João Pessoa, Luciano Soares, concederam entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira (17), para detalhar como os fatos se deram até a morte do ex-prefeito.

Vitor Melo disse que as investigações apontam que a motivação seria dívidas de Ricardo Pereira, com a campanha a vereador nas eleições municipais deste ano, onde não conseguiu se eleger.

Para seguir com o plano, Ricardo, mentor intelectual, contou com a ajuda de dois supostos cabos eleitorais – Leon Nascimento e Gean Carlos da Silva. Leon fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público da Paraíba, que também participa da investigação, e entregou o plano. Já Gean é considerado foragido.

Expedito Pereira foi morto por dois tiros – um no braço e outro no tórax – no dia 09 deste mês, quando próximo a sua residência, no bairro de Manaíra, em João Pessoa. Ele foi atraído para a emboscada pelo próprio sobrinho, sob pretexto de resolver questões relacionadas ao ex-prefeito. O sobrinho esteve no local do crime, ao lado da família.

No dia do crime, Leon e Gean foram incumbidos de buscar a motocicleta e Gean repassou a arma para Leon, que executou o ex-prefeito. Após o crime, Leon descartou a camisa usada em uma rua próxima, durante a fuga. A polícia conseguiu recolher a prova durante diligências e encontrou na casa do suspeito, fotos dele em redes sociais com a camisa usada no dia do crime.

“Os indícios mostram que o atirador foi Leon. Câmeras de segurança flagraram o momento em que ele dispara contra a vítima e troca a camisa usada no crime. A mesma camisa usada por ele em suas redes sociais, que foi apreendida e será confrontada com o material genético dele”, declarou o delegado Vitor Melo.

“Existiu toda uma organização do crime”, disse o delegado Vitor Melo, afirmando que as imagens da Semob-JP e das câmeras de vigilâncias dos prédios e residências próximos ao local do crime ajudaram na montagem do quebra-cabeça. Além da participação da Polícia Rodoviária Federal.

Ricardo Pereira, que seria o mandante do crime, se encontrou minutos depois do crime com Leon, em um edifício no centro da Capital, que foi autor dos tiros. Ricardo teria alugado um carro, usado para buscar a moto, e depois para dar fuga ao atirador e também a Gean, após o homicídio. Eles foram para o Rio Grande do Norte. O dono do veículo foi ouvido e disse que emprestou o veículo a Leon e Gean. Ainda de acordo com a Polícia, após o crime, a dupla fugiu para Rio Grande do Norte com um carro alugado em nome do sobrinho de Expedito Pereira.

“O sobrinho tinha a confiança do Dr. Expedito e era responsável pelas finanças da vítima a ponto de ter acesso a contas bancárias e ser responsável por sacar o dinheiro do tio para pagar as contas da casa do idoso. Essa confiança despertou a ganância e cobiça do sobrinho”, afirmou a delegada Emília Ferraz.

Segundo as investigações, o sobrinho teria interesse em se apropriar dos bens do médico, a exemplo de uma quantia de R$ 200 mil referentes à venda de um imóvel do tio.

Em buscas feitas nas casas dos três suspeitos, os policiais encontraram simulacro de pistola, documentos de cartórios e de imóveis da vítima, além de um cheque no valor de R$ 12 mil supostamente assinado por Expedito, mas a assinatura não foi reconhecida pela família como sendo da vítima.

Por conta dos indícios, o juiz Marcos William, do 1º Tribunal de Júri de João Pessoa, acatou pedido da Polícia Civil e decretou a prisão temporária, de 30 dias, contra os três suspeitos.

O caso está sob investigação da Delegacia de Crimes Contra Pessoa da Capital (DCCPes), que já conseguiu localizar a moto usada no crime. “As investigações irão continuar para esclarecermos todos os detalhes do crime”, afirmou Vitor Melo.

O médico gastroenterologista Expedito Pereira foi prefeito de Bayeux durante quatro mandaros. Ele também exerceu o cargo de deputado estadual da Paraíba.

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