Não é de hoje que o procurador-geral da República, Augusto Aras, tenta enterrar a Operação Lava Jato. Matéria publicada na Revista Crusoé revela que, na última quarta-feira, 25, o chefe do Ministério Público Federal encaminhou uma proposta ao Conselho Superior da instituição para criar cargos exclusivos de combate à corrupção em todas as capitais do país.
À primeira vista, como sugere o texto redigido por Aras, a ideia parece convergir com os interesses de quem quer caçar crimes e punir criminosos. Os novos procuradores seriam cedidos por um ano para as “unidades” do Paraná, leia-se a República de Curitiba, e do Rio de Janeiro, onde “colaborarão” com as investigações, “se inteirarão das boas práticas ali adotadas” e depois as “replicarão” em seus estados de origem.
Diz a matéria: “Por trás da retórica, porém, está a consumação do plano para desmontar as forças-tarefa da Lava Jato, a fórmula de sucesso que impulsionou a maior ação já feita contra crimes do colarinho branco, e extinguir definitivamente a operação que incomoda uma extensa parcela da elite política e empresarial brasileira”.
A verdade é que o discurso de campanha de Jair Bolsonaro, de que não iria acabar com a Lava Jato, parece cada vez mais distante. Ao assumir, em 2019, trouxe o então juiz Sérgio Moro, à frente da operação juntamente com a força-tarefa, o que parecia garantir a sobrevivência da mesma, para o Ministério da Justiça. E, por um tempo foi assim.
Com o relacionamento cada vez mais desgastado com o presidente, Moro deixou o Governo e, a partir daí, iniciou-se uma caça às bruxas pela ala ideológica bolsonarista. Primeiro, as inúmeras tentativas de ingerência, depois, a saída do então coordenador da Lava-Jato, procurador Deltan Dallagnol. Agora, o “intercâmbio”. O discurso de certo passou a ter destino incerto.
Claro que, em se havendo procuradores treinados pela força-tarefa da Lava-Jato os estados só têm a ganhar. Agora, a operação, que é referência no combate à corrupção, e que conseguiu desmantelar esquemas bilionários de desvios de recursos e pagamentos de propinas, sinceramente, não me parece producente.
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