Doações com indícios de irregularidades na prestação de contas de candidatos, nas eleições municipais deste ano, ultrapassam R$ 60 milhões. O levantamento foi concluído no dia 16 deste mês pelo Núcleo de Inteligência da Justiça Eleitoral. O valor representa um aumento significativo em relação aos números totais do relatório anterior, divulgado em outubro, cujas inconsistências somavam R$ 38 milhões.
Esta é a quarta rodada de identificação de indícios de irregularidades feita pelo Núcleo de Inteligência, que é composto por representantes do Tribunal Superior Eleitoral e de outros seis órgãos federais: Receita Federal do Brasil, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ministério Público Eleitoral, Defensoria Pública Federal, Tribunal de Contas da União e Ministério da Cidadania).
Segundo o levantamento, a maior ocorrência é de doações realizadas por pessoas sem emprego formal registrado, cujas inconsistências somam mais de R$ 33 milhões e envolvem 9.068 doadores. Em seguida, aparecem 1.981 doadores com renda incompatível com o valor doado. As doações realizadas por essas pessoas ultrapassam R$ 17 milhões.
Nesta quarta rodada, o relatório mostra que 1.745 fornecedores sem registro ativo na junta comercial ou na Receita Federal receberam R$ 3,3 milhões por serviços prestados durante a campanha deste ano. Há ainda 1.289 fornecedores que possuem em seu quadro societário pessoas que são beneficiárias do programa Bolsa Família.
Outro dado relevante é a identificação de 1.227 pessoas assistidas pelo Estado, inscritas em programas sociais de auxílio e que, nessa condição, também efetuaram doações financeiras, no montante de R$ 573 mil.
Fornecedores com parentesco – Além disso, 925 fornecedores de campanha têm relação de parentesco com o candidato ou seu vice, recebendo, no total, mais de R$ 1,6 milhão. Finalizando o relatório, foram encontrados 15 doadores no Sistema de Controle de Óbitos (Sisobi) que, apesar desse fato, teriam doado uma quantia total de R$ 19.587,40.
Uma tipologia com destaque nessa rodada foi a de fornecedores contratados por empresas cujos sócios são filiados a partidos políticos. Nessa tipologia, foram identificados 1.745 casos em que os contratados receberam R$ 3,3 milhões até o momento, representando o “Top 3” no ranking dos indicativos de inconsistências.
Os resultados da quarta rodada de indícios de irregularidades já foram encaminhados aos tribunais e cartórios eleitorais como informação de inteligência e direcionamento da fiscalização das contas. Foram também compartilhados com os parceiros institucionais do TSE no Núcleo de Inteligência.
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