Por Josival Pereira*
O comportamento geral da sociedade sempre interessa em análises políticas. A sociologia pode explicar determinadas conjunturas e até oferecer caminhos.
Deste modo, talvez não seja fora de propósito trazer para a política o fato da eliminação de Nego Di do BBB21. Indague-se: o que motivou uma sociedade que nos últimos anos se revela tão conservadora e um tanto racista, homofóbica e misógina a eliminar com 98,76% uma pessoa que, no jogo, parecia cultivar ou se aproximar destes conceitos?
Mais: se destaque que a participação do público é bem representativa, atraindo muitos milhões de votantes.
Numa primeira e rápida análise dá até para se imaginar uma súbita mudança de comportamento nacional. E uma mudança bem radical.
Lamentavelmente, não é possível ir a tanto. Uma passada mais demorada nas notícias vai clarear que parece ter havido apenas uma condenação às atitudes mais pessoais do humorista dentro da casa. Traição a um aliado, tramas, jogo baixo, dissimulação, aliança com pessoas que também jogam sujo. Ou seja, parece ter havido uma condenação à vilania. Seria mais um julgamento do caráter.
Da mesma maneira também parece ter acontecido com outros candidatos que obtiveram rejeições elevadas. Os vilões foram todos condenados. É o que revela a história do programa.
Indague-se outra vez: não presta, pois, aproveitar o caso para comparação com a política? Talvez não seja tão drástico assim. Se a sociedade condena de forma quase universal a vilania e o desvio de caráter, menos mal.
Talvez seja o caso de os políticos mais propensos ao bem acrescentarem uma bandeira de absoluta carência em discursos e prática. A bandeira da decência na política brasileira. Joe Biden falava dessa decência nas eleições dos Estados Unidos e acabou se dando bem.
Assim sendo, decência já!
*Jornalista
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