Racha após Queiroga assumir PL repercute na mídia nacional

O racha no PL da Paraíba, que se acirrou após a decisão do partido de destituir o deputado Cabo Gilberto Silva da presidência da legenda em João Pessoa e dar o comando ao ex-ministro Marcelo Queiroga repercutiu na mídia nacional. O embate foi tema da coluna do jornalista Carlos Madeiro, do UOL.

De acordo com o colunista, a escolha causou revolta entre políticos que se apresentam como bolsonaristas no estado, e eles anunciaram que vão deixar o partido.

“Foi um golpe [a indicação de Queiroga], está nítido”, afirmou Nilvan Ferreira, bolsonarista candidato ao governo da Paraíba em 2022 pelo PL.

Em vídeo, Queiroga rebateu as críticas. O ex-ministro disse que a decisão foi do diretório nacional “alinhado com Jair Bolsonaro”. O presidente do partido na Paraíba, deputado federal Wellington Roberto, também negou o suposto golpe.

Apesar de Queiroga estar no centro do problema, o alvo principal é o presidente do PL na Paraíba. “Ele [Wellington Roberto] manda no partido há mais de 20 anos, é o coronel e dono do partido”, declarou Nilvan.

Mas, o comunicador poupou o ex-ministro: “Queiroga é um cidadão de bem, respeitado, e fez um trabalho importante como ministro da Saúde. O problema é como o PL decidiu resolver o candidato [à prefeitura] aqui em João Pessoa”.

Para Nilvan, Queiroga não é um candidato competitivo, e por isso não deveria ser escolhido para disputar as eleições municipais de 2024.

“Ele tem 1% nas pesquisas. Na eleição para governador, eu venci a máquina do estado e da prefeitura que apoiaram João Azevedo e fui o mais votado aqui na capital”, disse Nilvan Ferreira.

Um adendo – O racha no PL da Paraíba não começou com a saída de Cabo Gilberto do comando do PL-JP. Vem da campanha de 2022, quando os candidatos dizem ter sido deixados de lado por Wellington Roberto. 

A indicação de Marcelo Queiroga para disputar a Prefeitura de João Pessoa, quando três nomes já haviam lançado a pré-candidatura, foi a gota d’água.

Além do Cabo Gilberto e de Nilvan Ferreira, compõe o triunvirato o deputado estadual Walber Virgulino. Eles afirmam que são os verdadeiros apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Eles já informaram que até dezembro vão anunciar qual dos três irá para a disputa. Nilvan pode deixar o PL sem sanções, já os deputados correm risco de perder os mandatos.

O trio inocenta Bolsonaro e diz não acreditar que ele tenha participado das tratativas na Paraíba. Em nome do grupo, Nilvan afirma que o ex-presidente está sendo “usado” pelo partido no estado.

“O PL na Paraíba é apêndice da esquerda, aliado do PT e do PSB. Por isso não querem a direita verdadeira na legenda. O PL está usando a direita e Bolsonaro, mas não está preocupado com Bolsonaro e não tem compromisso com nossas pautas conservadoras”, afirmou Nilvan ao jornalista.

Um dos pontos que provaria essa ligação, afirmam eles, foi a adesão pública do deputado estadual Caio Roberto, filho de Wellington, ao governador João Azevedo (PSB), que é aliado de Lula.

Wellington Roberto rebate a acusação de golpe para a indicação de Queiroga. “Essa palavra está na moda, por conta desse debate de 8 de janeiro, se ia ter golpe ou não, e eles estão aproveitando para pegar carona. Não existe golpe, o que houve foi uma avaliação da direção nacional do partido”.

O presidente do PL na Paraíba conta que conversou sobre a mudança com Bolsonaro e que a decisão de mudar a direção foi tomada em conjunto com a executiva nacional. Ele ainda defendeu o ex-ministro Queiroga como candidato em 2024.

“Queiroga assumiu o Ministério da Saúde no meio da maior crise sanitária do século, é bolsonarista mesmo! Querer comparar a confiança que Bolsonaro tem em Queiroga com a que tem neles? Eles querem é a desunião da direita, isso sim. Bolsonaro sabe as pessoas que vestem a camisa na hora que precisa”, disse Wellington Roberto.

Segundo ele, o trio só teve uma boa votação em 2022 porque “usou o nome de Bolsonaro”.

“Eles estão nervosos e desesperados com a credibilidade que eu tenho dentro do partido, e querem chegar agora e já tomar conta do partido. Para isso, falam e criam fake news e fazem esse tipo de coisa covarde”, disse Wellington Roberto.

O ex-ministro citou que a sua indicação foi acertada com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, seguindo orientações de Jair Bolsonaro. 

“Nosso líder maior [Bolsonaro] achou por bem me conduzir para comandar os destinos do partido”, declarou, em vídeo publicado em suas redes sociais na última segunda-feira (25).

“O objetivo dessa medida é unir esforços no partido para fortalecer a pré-candidatura a prefeito de João Pessoa em 2024. Todos sabem que precisamos reestruturar partido na cidade para caminharmos juntos”, declarou o ex-ministro.

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