O governador João Azevêdo (PSB) foi a estrela central de um encontro em defesa da democracia e da união do campo da esquerda no estado. A união é possível. Mas, em se tratando das eleições municipais de 2024, terá que usar da habilidade política para que essa unidade se consolide.
João tem dado declarações públicas de que manterá a aliança com o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que é do Progressistas, partido que comanda o Centrão, bloco que chega a ser ‘persona non grata’ para segmentos da esquerda, em especial, o PT.
Cícero não é unanimidade e só a parceria com o governador não é sinal de apoio fechado ao projeto de reeleição.
No encontro desse sábado (27), a pauta não foi eleição, mas houve recados implícitos, como o do PSB falando em esgotar o debate até o final. Qual seria o debate? Candidatura própria? João Azevedo já repetiu o apoio a Cícero e mais, que o vice-prefeito Leo Bezerra permaneça na chapa.
É fato que o PSB, por ter a maior liderança política no estado, quer o protagonismo, mesmo que apoie Cícero. Não quer ter dívida, quer cobrar a dívida.
Tem ainda o PT e suas eternas discussões internas. Desde fevereiro, com a posse dos deputados Luciano Cartaxo e Cida Ramos, que não são “melhores amigos”, mas já colocaram o nome para 2024, o partido se vê dividido em um ‘deja vú’ de 2020. As direções estadual e municipal não comungam do mesmo pensamento.
Além de PT e PSB, o evento reuniu PV e PCdoB – esses já declararam apoio a Cícero, mas como formam federação com o PT, o debate ainda vai render -, Rede Sustentabilidade, Agir 36, PMN, PDT e Solidariedade.
O PSOL alegou ter tudo informado em cima da hora e não participou. Mas, já antecipou que não apoiará Cícero e que lançará candidatura própria em 2024.
Voltando ao Centrão, Cícero ganhou o apoio do Republicanos, aliado de João. Mas, também não há unanimidade interna na legenda em relação às eleições na Capital.
Se João vai conseguir esse dois campos, é esperar para ver. Há muito em jogo, ou melhor, 2026. O governador João Azevedo deve sair para o Senado, deixando o vice Lucas Ribeiro na condução da sucessão, no páreo.
Republicanos e Progressistas também não são melhores amigos, ainda mais com interesses conflitantes. Hugo Motta pode se jogar na campanha ao governo ou ao Senado e o PP também tem a senadora Daniella Ribeiro, que será figura certa na majoritária.
Esses dois partidos não devem se unir ao PT ou ao campo da esquerda, que precisará de um nome forte e competitivo.
Mas, quem? O timing do ex-governador Ricardo Coutinho passou e Luciano Cartaxo, nome mais forte na linha sucessória petista, se ainda estiver no partido, pelo histórico de desistências, vai ter que suar um pouco nessa corrida.
Agora, como o governador fez questão de ressaltar, é preciso uma unidade para que a direita extremista não volte ao poder. Pelo menos, em relação a isso, existe uma unanimidade.
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