Por sugestão da senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), a Comissão Temporária da Covid-19 do Senado Federal ouviu, na sexta-feira (21), especialistas sobre a inclusão das grávidas, puérperas e lactantes no grupo prioritário de vacinação contra Covid-19. A comissão também aprovou, durante a reunião, outro requerimento de autoria do senador Confúcio Moura (MDB-RO) para inclusão imediata das grávidas e lactantes neste grupo prioritário de vacinação.
Daniella Ribeiro propôs formar uma comissão com especialistas e estudiosos para tirar dúvidas sobre vacinas para grávidas, puérperas e lactantes com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. “Ainda há muitas dúvidas sobre as vacinas para as gestantes, puérperas e lactantes. Precisamos reunir os especialistas e a equipe do ministério”, disse a parlamentar.
Vacinação – Após duas semanas de o Senado aprovar a proposta da senadora Daniella Ribeiro, o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica que prevê a inclusão de gestantes e puérperas no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19. Contudo, o grupo foi dividido em dois, sendo o primeiro, as mulheres grávidas ou no pós-parto que tenham comorbidades.
A vacinação está prevista para começar no fim deste mês a depender da disponibilidade das doses. Contudo, a ideia é discutir a urgência no atendimento deste grupo. “As mulheres grávidas preferem mil vezes serem vacinadas do que correrem o risco de contrair Covid. Várias me procuraram dizendo que querem ser vacinadas o mais rápido possível. É terrível deixarmos crianças órfãs por conta da pandemia”, disse a senadora.
Debate – A comissão também debateu com especialistas os efeitos e sequelas da covid-19 em grávidas. A ginecologista e obstetra, Melania Maria Ramos de Amorim, do Grupo Brasileiro de Estudos de Covid-19 e Gravidez, disse aos senadores que o risco de morte nesse grupo é duas vezes maior do que na parcela de não infectados pelo coronavírus. Segundo ela, a cada dez mortes de gestantes por Covid registradas no mundo, oito ocorrem no Brasil.
Melania Amorim disse que a chance de efeitos colaterais é mínima e não deve ser motivo para a não vacinação. “Um caso de trombose possivelmente atribuído à vacina ocorre em 0,004%, ou seja, quatro a cada milhão de vacinados. Mais de 100 mil mulheres já foram vacinadas ao redor do mundo, e sem gerar nenhuma preocupação sobre essa aplicação em gestantes. As vacinas são seguras, sim”.
Especialista em medicina fetal, Adriana Melo ressaltou que há risco de transmissão do vírus para a placenta, podendo a infecção chegar ao feto. Segundo ela, as mulheres detectadas com covid-19 têm risco de sofrer resultados neonatais adversos e até aborto.
Ela defendeu a prioridade para vacinação deste grupo. “Temos observado um aumento no número de mortes e de abortos, e esse número será muito maior sem a vacinação”, disse. Esta foi a 23ª reunião do colegiado, que tem previsão de funcionamento até 30 de junho.
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