A corrida pela segunda dose da vacina, “antes do tempo” recomendado, contra a Covid-19, em João Pessoa, pode ser uma das causas que travou a imunização neste final de semana. Além da ansiedade em querer estar imunizado e o cansaço de medidas restritivas, uma comunicação mais claro sobre esse intervalo, agravou a situação. E não é apenas culpa da população.
O Blog teve acesso a dados da Secretaria de Saúde de João Pessoa mostrando que 79,6% das pessoas que estão procurando a segunda dose da vacina – no caso da CoronaVac -, estão indo com 14 dias. Essa “corrida” travou o plano de vacinação na Capital, provocando transtornos no último sábado (10) e a suspensão da imunização neste domingo (12). Já a vacina Astrazeneca, o intervalo é de 90 dias.
Essa comunicação equivocada está relacionada ao fato de que houve uma orientação por parte da Secretaria de Saúde da Capital, de que a segunda dose poderia ser aplicada em até 14 dias após a primeira dose. Mas, desde o início, o Instituto Butantan, que produz a CoronaVac no Brasil, orientou que o ideal é um intervalo entre 21 e 28 dias.
O estudo realizado pelo Butantan, para testar a eficácia da CoronaVac no Brasil, apontou um dado interessante: a melhor resposta imune acontece no maior intervalo de tempo entre a aplicação das duas doses – entre 21 e 28 dias.
Dos cerca de 13 mil voluntários que participaram do estudo no Brasil, 1.400 receberam suas doses com um intervalo de três semanas. A resposta imune desse grupo foi cerca de 20% melhor do que a observada nos demais participantes da pesquisa.
Na semana passada, ao apresentar a eficácia global da vacina do Butantan, o presidente do instituto, Dimas Covas, explicou que o intervalo estudado foi de 0 a 28 dias entre uma dose e outra, e que foi comprovado que a vacina é segura e eficaz igualmente em todos os cenários.
“Na utilização dessa vacina em comunidade, o esquema de 0 a 28 dias é seguramente o esquema ideal exatamente para permitir uma maior cobertura inicial enquanto as vacinas vão chegando. Isso faz todo o sentido do mundo. O que não faz é dar uma dose só”, afirmou Dimas.
No estudo do Butantan, a maioria das vacinas foi aplicada no intervalo de 0 a 14 dias devido à situação emergencial da população envolvida – profissionais de saúde expostos diariamente ao vírus causador do Covid-19.
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