Ao inchar as prefeituras com servidores temporários, muitos com “validade eleitoral”, os prefeitos acabam criando problemas que mais à frente não conseguirão contornar e o efeito por ser o não pretendido.
Os novos e reeleitos prefeitos mal tomaram posse no dia 1º e já se veem alvos do Ministério Público estadual para que demitam os excessos de comissionados e temporários.
E não foi por falta de alerta. O Tribunal de Contas da Paraíba editou resolução sobre o tema em 2024: o número de contratados nessa modalidade não pode ultrapassar 30%, em relação ao número de servidores efetivos.
Levantamento do órgão divulgado em setembro passado, nos municípios, 82,86% do total de servidores são contratados por tempo determinado. O aumento de 27,61% no número desses contratos desde dezembro de 2022 é um indicativo da dependência crescente das administrações municipais em relação a trabalho temporário e comissionado.
A questão maior não é sobre excedentes, que beira o absurdo em algumas gestões principalmente no interior do estado. O problema é que grande parte desses contratados são indicações políticas, muitas vezes desnecessários, e que ficam à caça de uma boquinha há cada dois anos. Não trabalham. Aproveitam usufruem do salário, claro.
Outros, geralmente integrantes de uma massa pobre e vulnerável, dependem desse emprego. E esses sim, são os mais prejudicados porque precisam, ao mesmo tempo em que parecem não se dar conta de que “descartáveis” – a palavra pode soar desagradável – mas é exatamente isso.
Serviço público não pode ser encarado como meio de vida, a não ser que se entre via concurso público. Os prefeitos, que sabem exatamente o que estão fazendo, choramingam dos custos da gestão, mas não reclamam quando têm que barganhar votos por empregos.
Afinal, quanta ironia, os fins justificam os meios…