A “apropriação” de pautas para fins eleitorais não é novidade. Mas, incita a análise de que temas que deveriam estar na discussão cotidiana só são abraçadas quando significar fazer oposição. É o que tem ocorrido com o Movimento Esgotei, criado em abril de 2024 mas, ao que parece, virou a bola da vez.
Não que o tema seja banal. Ao contrário, a poluição por despejo de dejetos irregulares das praias de João Pessoa é algo grave e precisa de discussão, que envolve a sociedade civil, o poder público e a classe política, sem lados.
Ex-candidato ao governo da Paraíba, Pedro Cunha Lima (PSDB), assim como muitos outros políticos de oposição, parecem ter descoberto o ‘Esgotei’ e que a poluição das praias é real só agora, em que pese ser preciso eleitor o trabalho do movimento.
Nesse sábado (4), o ex-deputado federal usou as redes sociais para informar que estava se unindo ao movimento em uma ação no bairro do Bessa, na Capital.
Em tom de palanque político, fez a convocação: “Se 10 mil pessoas se juntassem nesse encontro, na segunda-feira o governo estaria dando um novo olhar a esse tema”.
A questão não é querer se integrar ao movimento, é a mensagem dúbia por trás desse tipo de ação, sem falar no timing, sempre quando convém à política. O envolvimento deveria ser diário.
Que movimentos como esse não se prestem a ser “cabos eleitorais”, se de qual político for. Do contrário, estarão fadados ao fracasso.
