A misoginia “aplaudida” na Câmara Municipal de Santa Luzia contra as vereadoras Dra Hianna e Ceicinha Cabral mostra que, de verdade, já passou da hora de se dar um basta na violência política de gênero contra mulheres com mandato.
Digo aplaudida porque dos presentes à sessão, ao que parece apenas um homem se manifestou para colocar um ponto final nas falas machistas do “nobre” vereador Netto Lima, presidente da Câmara Municipal.
Se não consegue respeitar os pares, como ser presidente de um poder. Quer cassar a palavra, o faça diante de falas discriminatórias, de incentivo ao desrespeito.
E não, não uso esse espaço como porta-voz do coitadismo ou vitimismo, como políticos homens costumam falar sempre que agridem mulheres que ocupam mandatos.
Mas, para lembrar que o voto do eleitor é soberano, plural. Se não respeitam o ser humano, respeitem o voto dado. O ‘mimimi’ deixo para políticos que não honram o mandato que têm. Que se acham superiores.
Sinto dizer que falar grosso, com desdém ou xingamentos, mas sem um projeto sequer, só os apequenam.
E digo mais, caro vereador: procure no Google o significado das palavras respeito, reciprocidade, liderança. A completa ausência dessa última mostra que o senhor precisa voltar a estudar e rápido. Está devendo.
Deveria pesquisar também sobre o termo manterrupting. E também sobre a Lei 14.192/21, que tornou crime a violência política de gênero. O projeto foi relatado pela paraibana Daniella Ribeiro no Senado. Fica como dever de casa.
Como diria “lá em ‘nóis’”, os ataques não se limitam à tribuna, mas estão presentes em grupos de WhatsApp. Diria que está faltando pauta ou que a cidade está muito bem para que os parlamentares não precisem pensar em nada mais relevante.
Deixo aqui dois conselhos, e de graça:
Santa Luzia tem três representantes no Legislativo: os deputados estaduais Alexandre de Zezé e George Morais e o senador Efraim Filho, que preside o União Brasil.
Defendam a igualdade de gênero na politica. Defendam o respeito às mulheres e seus mandatos. Critiquem propostas ruins ou as más condutas. Desafio a todos os parlamentares a encampar uma campanha contra essa e toda qualquer violência politica de gênero.
Na hora de fazer nominata, buscar apoios, votos dessas mesmas mulheres, pense que é ligeiro.
Cá esperando ainda uma palavra de solidariedade ou de repúdio. Ah! Mas isso não vai deixar de existir, muitos podem pensar e até reverberar. Ah! Cada um sabe o que faz. É fato. Mas, meu fi, se não mudarmos a mentalidade, nunca sairemos do canto.
O outro vai para o eleitor, não só de Santa Luzia, que não é exceção em casos como esse. Saibam escolher seus vereadores, seus representantes. E não falo só em relação a políticos homens, mas mulheres também. Escolham pelo conjunto da obra e não apenas por “conversa bonita”.
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