O que leva um pai a matar uma filha de 14 anos, com a vida inteira pela frente, porque a esposa e mãe acabou o relacionamento. Em nome de “se não vai ficar comigo, não vai ser de mais ninguém” ou “eu quero que fique comigo mesmo sem querer”. O caso que aconteceu na noite dessa quarta-feira (23), em São Sebastião de Lagoa de Roça, no Agreste da Paraíba, é reflexo de um machismo doentio em que homens não aceitam ser companheiros, querem ser donos.
E as crianças? Porque sempre são elas a pagar por mentes desconexas, habitadas por sentimentos de que não se poder perder – e esse nem é o caso, já que um casal não são dois adversários competindo? Crianças e adolescentes têm sido mortas pelos próprios pais como vingança. Esses nunca estiveram prontos nem para um relacionamento, muito menos para ser pai, que deveria ser sinônimo de proteger.
O homem em questão “estaria inconformado” com o fim do relacionamento. Foi até a casa, procurar a ex-mulher, não a achou. Encontrou a filha e atirou na menina. Foi atrás da ex-mulher, ainda teria atirado na mesma, não conseguiu acertar, voltou e tirou a própria vida. Agora, temos um futuro abatido para a filha, uma tragédia para a família dessa criatura e uma mãe, despedaçada. De nada adiantou, nem adiantará nunca.
Mulheres não são obrigadas a aceitar, aturar quem não lhes trata bem. Ora, quando o homem se separa, ele não está preocupado se a ex está bem. Ele não está nem aí para a cor da chita. Aliás, capaz de se divertir até não querer mais para depois, buscar abrigo naquela que deixou para trás. O que já é uma situação canalha. Agora, quando acontece o contrário, e a mulher dá um pé na bunda do homem. Ah, não pode, não aceito, não quero.
Não tem “eu quero” em sentimentos, respeite e aceite. Existe o “nós queremos”. A violência só gera violência. Fim de relacionamentos não pode ser justificativa para essa crescente onda de feminicídio que estamos assistindo dia a dia. Parem de matar mulheres e crianças em nome de “amor”. Que amor é esse que mata, fere, destrói.
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