Pode ser encarada como “pegadinha” da Casa Civil da Presidência da República à Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19, os 23 questionamentos que o governo pressupõe que serão investigados e que, por si só, já o coloca na berlinda. Mas, também pode sair pela culatra. Vai depender agora da estratégia da comissão – apenas quatro são governistas – e da própria oposição.
Os tópicos elaborados pelo ministro-chefe Luiz Eduardo Ramos, cujas respostas já estão sendo preparadas (antecipadas) pelos ministérios, têm o propósito claro de recado à oposição. Caso os questionamentos façam parte da pauta da CPI, e se as respostas alcançarem governadores e prefeitos, em se negando a investigar, o Governo Bolsonaro prepara o discurso de que a CPI é político-partidária, de cunho parcial, como já tenta emplacar antes mesmo da instalação, marcada pelo Senado para esta terça-feira (26).
A lista, inclusive, fala em “genocídio”, palavra indigesta ao presidente Jair Bolsonaro, a aliados próximos e os apoiadores nas redes sociais. Nos corredores do Senado, fala-se que a lógica do governo é “misturar tudo”. Ou seja, está na berlinda, mas que levar junto governadores e prefeitos, que têm sido diariamente criticados pelo presidente devido às medidas restritivas e, claro, se erraram, devem ser investigados.
O governo sabe que vai ter indiciamento. E, sabemos que a CPI querendo ou não será instrumento político já que a, a partir do segundo semestre, as eleições 2022 tomarão conta da pauta. É preciso ter cuidado, para ao final da discussão, a comissão não consolidar o meme de que “tudo acaba em pizza”.
Confira a lista divulgada pelo UOL:
1- O Governo foi negligente com processo de aquisição e desacreditou a eficácia da Coronavac (que atualmente se encontra no PNI [Programa Nacional de Imunização];
2- O Governo minimizou a gravidade da pandemia (negacionismo);
3- O Governo não incentivou a adoção de medidas restritivas;
4- O Governo promoveu tratamento precoce sem evidências científicas comprovadas;
5- O Governo retardou e negligenciou o enfrentamento à crise no Amazonas;
6- O Governo não promoveu campanhas de prevenção à Covid; 7- O Governo não coordenou o enfrentamento à pandemia em âmbito nacional;
8- O Governo entregou a gestão do Ministério da Saúde, durante a crise, a gestores não especial (militarização do MS);
9- O Governo demorou a pagar o auxílio emergencial;
10- Ineficácia do PRONAMPE [programa de crédito];
11- O Governo politizou a pandemia;
12- O Governo falhou na implementação da testagem (deixou vencer os testes);
13- Falta de insumos diversos (kit intubação);
14- Atraso no repasse de recursos para os Estados destinados à habilitação de leitos de UTI;
15- Genocídio de indígenas;
16- O Governo atrasou na instalação do Comitê de Combate à Covid;
17- O Governo não foi transparente e nem elaborou um Plano de Comunicação de enfrentamento à Covid;
18- O Governo não cumpriu as auditorias do TCU durante a pandemia;
19- Brasil se tornou o epicentro da pandemia e ‘covidário’ de novas cepas pela inação do Governo;
20- General Pazuello, General Braga Netto e diversos militares não apresentaram diretrizes estratégicas para o combate à Covid;
21- O Presidente Bolsonaro pressionou Mandetta e Teich para obrigá-los a defender o uso da Hidroxicloroquina;
22- O Governo Federal recusou 70 milhões de doses da vacina da Pfizer;
23 – O Governo Federal fabricou e disseminou fake news sobre a pandemia por intermédio do seu gabinete do ódio.
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