A estratégia adotada por Luciano Cartaxo, ao lançar a ex-secretária Edilma Freire, como pré-candidata a prefeita da Capital pelo PV, pode não ter os reflexos esperados por ele, pensando na corrida pelo Palácio da Redenção em 2022. Ao retardar a decisão, acabou frustrando aliados importantes, perdidos em menos de seis meses, em nome de um projeto pessoal. Mas, também é possível dizer que tudo não passa de “intriga da oposição”.
Dos 11 partidos que estiveram com Cartaxo, em 2016, quatro tem pré-candidatos definidos: PP com Cícero Lucena, MDB com Nilvan Ferreira, PSDB com Ruy Carneiro e Solidariedade com João Almeida. A preço de hoje, acho difícil reverter, mas não é impossível. Na política, meu fi, tudo pode acontecer até o último dia das convenções (16 de setembro).
O PSD de Romero Rodrigues, deve ficar com Ruy, caso a dobradinha em Campina Grande dê certo – a base do prefeito tem dois pré-candidatos, Bruno Cunha Lima (PSD) e Tovar Correia Lima (PSDB). PMN está na base do Governo e não dá sinais de que irá sair. O PSC de Marcondes Gadelha anunciou apoio a pré-candidatura de Ruy.
O Republicanos (antigo PRB) fica com o prefeito, assim como o PHS. O PTN (agora, Podemos) firmou aliança com o PTB de Wilson Filho, que se apresentou também como pré-candidato. Acho difícil vingar essa pré-candidatura já que o Wilson “sumiu” da cena eleitoral na Capital. O que não é novidade. PCdoB e o PSDC (agora DC) ainda não se manifestaram.
A julgar pelo momento atual, Luciano está só, apesar de não poder ser desconsiderado no jogo político, e logo mais estará sem mandato. Ficará pelo menos dois anos “no limbo”, o que também pode não ser nada. Mas, como construir alianças até lá? Óbvio, que falo aqui de decisões políticas. Como gestor, foi eleito em 2012 como sendo realmente “o novo”.
Aliás, elevou o PT da Paraíba a outro patamar. Mas, aí o PT caiu em desgraça nacionalmente, sem desmerecer os que realmente são engajados com o partido. Luciano saiu em meio a escândalos e denúncias contra o ex-presidente Lula, que acabou preso. Muitos criticaram, mas considero a decisão acertada.
Disputou a reeleição, eleito pelo PSD, e de novo uma mudança de partido. Foi para o PV, partido de pouca expressão nacional e estadual, me desculpem, com a promessa de fazer o partido maior, mas sem muito sucesso.
Luciano, apesar de bem avaliado, vem com um segundo mandato marcado por críticas administrativas, em áreas deixando a desejar. Em relação a área de Educação, sim, conseguiu mudanças bastante significativas. Parabéns!
Até ganhou expressividade, enquanto liderança política no Estado, ao se colocar como pré-candidato ao Governo do Estado pelo grupo das oposições. Após a oposição bater cabeça – tinham muitos egos inflados – não se entender, preferiu não se arriscar, e desistiu. Talvez tenha faltado mais “coragem” para se impor.
O atraso na discussão sobre as eleições municipais 2020 acabou se mostrando uma estratégia equivocada. Coloque aí quase um ano de moído. Primeiro, convenceu quatro secretários – a própria Edilma, Diego Tavares, Socorro Gadelha e Daniella Bandeira – a deixarem os cargos, alegando que todos tinham “chances” de ser o nome do grupo, quando já se sabia quem seria a escolhida em nome da bandeira da Educação.
Essa estratégia acabou saindo pela culatra. A escolha de Edilma essa semana, provocou um mal-estar difícil de contornar. Primeiro, Diego Tavares, que tinha certeza que seria escolhido. Divulgou uma carta aberta, com mensagens subliminares. Teria entrado em contato com Cícero e Aguinaldo Ribeiro. Diego é suplente da senadora Daniella Ribeiro.
Em relação a Socorro Gadelha, que tem uma carreira em gestão bem quista, é mais emblemático. Ela estava no PP, muito bem obrigada, e acabou sendo atraída para o PV com a promessa de que seria a pré-candidata. Doce ilusão. Na última sexta-feira, o prefeito anunciou que estava reempossando Socorro e Daniella. O blog teve acesso a um print de um grupo de WhatsApp, com diretores e secretários, com a mensagem “Socorro saiu”. Após a decisão, silenciou.
Já Daniella Bandeira reassumiu de fato a Secretaria de Planejamento do município. Segundo a rádio peão, seria a única, de fato, que sabia que tudo não passava de “cortina de fumaça” para ao final se apresentar Edilma Freire que, repito, tem suas qualidades e precisa ser respeitada, e tem toda a legitimidade de concorrer.
Investir em alguém que tem know-how na área de educação não está errado, mas nesse meio do caminho temos uma pandemia, mortal. Cartaxo, diga-se de passagem, enfrentou bem. Está conseguindo passar pelo combate ao novo coronavírus com ações importantes, estilo “doa a quem doer”.
Mas, quando se trata de futuro, o perfil do novo gestor tem que enxergar além da educação, tem que ter em mente manter a saúde em níveis aceitáveis e um projeto de recuperação da economia, que não acontecerá em apenas um ano. Educação é importante, claro que sim, mas os dois temas que citei acima têm que estar no topo da lista.
Além de não contar com partidos que lhe dê um suporte eleitoral consistente. Sim, porque ninguém se elege só, nem adianta. Ou seja, não terá tempo de rádio e TV no guia eleitoral suficiente e, em termos de recursos do Fundo Eleitoral, o PV é 23º em volume de recursos que terá, nacionalmente, para os pré-candidatos: R$ 20,4 milhões.
Restará a Luciano Cartaxo, a força da máquina administrativa. Mas será que apenas isso será suficiente? Eu acredito que não. Deixemos que o futuro nos mostre. Deixando claro, que aqui trago uma análise que é pessoal, do momento. O “mais à frente” pode mudar.
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