A perda de um filho deve ser insuperável. Falo “deve” porque não tenho filhos, mas tenho família. Mas, quando a vida é perdida por conta de uma rede social e das pessoas que a habitam, dos discursos de ódios desmedidos, não há palavras. A cantora paraibana Walkyria Santos perdeu o filho Lucas, de 16 anos, que não aguentou ataques sofridos no Tik Tok e tirou a própria vida nesta terça-feira (03), na casa da família em Natal.
“Hoje, eu perdi meu filho, mas preciso deixar esse sinal de alerta aqui. Tenham cuidado com o que vocês falam, com o que vocês comentam. Vocês podem acabar com a vida de alguém. Hoje sou eu e a minha família quem chora. Eu te amo pra sempre meu filho Lucas Santos, eu te amo”, escreveu a cantora em post no Instagram.
Lucas Santos não era o filho de uma cantora famosa. Era o filho de uma mãe, que tentou, que ofereceu ajuda, mas hoje chora sob um caixão. Representa muitas mães e pais, que tentaram, mas que estão com o coração dilacerado. Porque trago esse assunto aqui? Para que pais, mães, família reforcem os alertas, sigam os sinais, tirem o poder das redes sociais sobre seus filhos.
A tragédia também reacende a discussão sobre o que postam, com quem conversam, como recebem críticas, as crianças e adolescentes vidradas nas redes sociais. Essas novas gerações querem estar conectadas, flertam com o elogio constante, com deslumbramentos que ultrapassam a vida real, mas que não estão por vezes preparadas para comentários de quem vive de disseminar discursos de ódios nas redes e incitar a violência virtual, que tem matado.
“Até quando veremos pessoas adoecendo, se deprimindo, se anulando, se matando, enquanto esses covardes, escondidos atrás de um telefone celular, matam? Precisamos de uma união para acabar com essa gente, com o espaço ocupado por essa gente. Estou arrasada, sentindo raiva, dor, tristeza. Mas não vou me cansar nunca de lutar contra esse crime”, desabafou a cantora Gretchen, amiga de Walkyria.
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