Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19, desde às 10h desta terça-feira (11), o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, afirmou que foi contrário a proposta de mudanças na bula da Cloroquina, medicamento amplamente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para o “tratamento precoce” da Covid-19.
Disse ter alertado, em reunião no Palácio do Planalto, que a bula só pode ser alterada pela Anvisa por solicitação do detentor do medicamento. Barra Torres também afirmou aos senadores presentes à reunião da CPI que, “até o momento, as informações vão contra a possibilidade do uso na Covid-19”. “Minha posição sobre tratamento precoce da doença não contempla essa medicação”.
Quem trouxe o assunto à tona foi o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, também depoimento à CPI. Na ocasião, disse que o Planalto tentou mudar a bula da cloroquina, medicamento que não tem eficiência contra o vírus.
“Eu estava dentro do Palácio do Planalto quando fui informado, após uma reunião, que era para eu subir para o terceiro andar porque tinha lá uma reunião de vários ministros e médicos que iam propor esse negócio de cloroquina, que nunca eu havia conhecido”, disse o ex-ministro.
E revelou: “Nesse dia, havia sobre a mesa, por exemplo, um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido, daquela reunião, que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa, colocando na bula a indicação de cloroquina para coronavírus. E foi, inclusive, o próprio presidente da Anvisa, Barra Torres, que estava lá, que falou: ‘isso não’”.
O depoimento de Barra Torres já dura mais de quatro horas.
Leave a Reply