Fatos e coincidências nas falas de Galdino abrindo o ano político na Paraíba

Quando se escuta atentamente a entrevista que o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, concedeu à Arapuan FM, e tendo informado anteriormente que faria declarações bombásticas, fica a pergunta sobre o porquê disso tudo.

A fala de Galdino durante o ato de lançamento do Programa Paraíba 25/26, pelo governador João Azevêdo, já havia chamado a atenção. Na verdade, mais pareceu um grande recibo passado ao deputado federal Aguinaldo Ribeiro, líder do Progressistas.

“Todos diziam que eu tinha alguma coisa contra o deputado Aguinaldo, mas não é verdade. Eu digo o que penso sem dar satisfação e nem com a preocupação de agradar ninguém”, disse Galdino na ocasião.

Passou despercebido naquele momento. Mas, é fato não escondido nos bastidores, pelo próprio presidente da Assembleia, de que não confia nos Ribeiros e que eles poderiam vir a trair João Azevêdo.

Coincidência ou não, nas falas e entrevistas, o líder da oposição Efraim Filho tem repetido um discurso – até mesmo uma torcida velada – de que a base governista não chegará unida a 2026, o que beneficiaria o grupo e, principalmente, ao presidente do União Brasil, já que trabalha para ser o candidato ao governo.

Coincidência ou não, ainda na segunda-feira (13), poucas horas antes da entrevista ao jornalista Luís Torres dada por João Azevêdo, o senador Veneziano Vital do Rêgo, na mesma emissora, repetiu o discurso de Efraim, de que estava esperando por um rompimento no grupo da situação.

Ou seja, é até desconcertante assistir a um grupo político basear uma estratégia para vencer as eleições majoritárias de 2026, na esperança que a situação não esteja unida para a disputa.

É fato que o deputado Adriano Galdino, em entrevistas recentes, tem se colocado na condição de pré-candidato ao governo, esteja João no mandato ou não, e que poderia, inclusive, disputar pela oposição. A pergunta que fica é: projeto pessoal ou de grupo?

Não tivemos ao longo de todo esse tempo em que Adriano se colocou na condição de pré-candidato, o apoio declarado de nenhum partido da situação, nem mesmo o seu próprio partido, o Republicanos.

O deputado federal Hugo Motta, em entrevista na semana passada, afirmou que defende a unidade do bloco comandado pelo governador e refutou projetos pessoais.

Será que com o passar do tempo, a entrada em campo de mais interessados, pelo menos até o momento, no cargo de governador, como o prefeito Cícero Lucena, o secretário Deusdete Queiroga, e até mesmo Hugo Motta, começou a complicar o projeto de Adriano Galdino?

Revendo a entrevista de João Azevêdo ao Frente a Frente (TV Arapuan), o discurso do governador é claro. Não houve lançamento do nome do vice-governador Lucas Ribeiro ou até mesmo que este seja o nome indicado oficialmente pelo socialista.

Na resposta a uma das perguntas, o governador cita a possibilidade de sair candidato ao Senado e que Lucas Ribeiro, assumindo o Governo, poderia ser candidato natural à reeleição. É um fato, legal, natural e constitucional.

Ele disse ainda que cada partido da base terá que decidir como estará sendo representado na chapa majoritária, algo absolutamente natural.

Quando perguntado sobre o lançamento antecipado da pré-candidatura de Adriano, João foi taxativo em dizer que era absolutamente natural a postulação, pois qualquer líder pode ter essa intenção.

Dizer que a provável candidatura de João estaria sendo imposta, é um pouco de exagero, até porque em vários momentos ele tem dito que só será candidato se estiver tudo tranquilo em relação aos partidos da base, e que entrar na disputa por uma das duas vagas ao Senado é natural, mas que não seria obrigatória.

Portanto, achar que foi a entrevista de João Azevêdo que desencadeou a metralhadora de Adriano Galdino, é subestimar o eleitor.

Não ter o apoio declarado do próprio partido, ou ainda não ter despertado a empatia necessária – ainda que seja cedo para tal -, além de flertar com a oposição parece ser uma justificativa mais plausível para a reação do deputado.