PEC da Jornada 6×1 merece discussão séria e não, ser palco de polarização

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que trata da alteração na jornada 6×1, não pode nem deve se transformar em mais um palco para essa polarização “idiota” – peço perdão pela expressão – que baliza as ações políticas do país com mais afinco desde as eleições presidenciais de 2018.

De autoria da deputada federal Érika Hilton (PSOL), a proposta é necessária, diante de um Brasil já demasiado desigual e carece sim de uma discussão que vai além de ser “de esquerda” ou “de direita”.

Alguns políticos têm uma escala generosa. Em algumas Câmaras Municipais, por exemplo, a “escala” chega a 1×15. Ah! E esses mandatários recebem muito acima do que um salário mínimo. Também não venham dizer que trabalham “fora” dos plenários quando não estão fazendo nada mais do que buscar votos para se elegeram de novo e de novo.

Claro, é preciso se pensar em quem gera emprego, discutir incentivos, chamar o poder público a tomar parte. Que todos os lados sentem à mesa, encontrem uma fórmula. A redução na jornada de trabalho tem sido adotada em países mundo a fora e trazido resultados positivos para empregadores e empregados.

Uma coisa é certa, a discussão já foi em muito adiada e pelo clamor e pressão nas redes sociais mostra que o trabalhador precisa ser levado em consideração ao menos dessa vez. Não adianta mais postergar.

A esquerda levantou a questão e a direita, a conservadora e advinda do bolsonarismo, perde uma ótima oportunidade de se posicionar à discussão pelo menos. Critica o sistema, mas tem preferido ser “do contra” apenas pela PEC ter nascido de uma deputada da esquerda. Resultado: bombardeio de críticas.

A esquerda foi responsável por 61% das assinaturas, até o momento. Enquanto 119 dos 194 votos saíram de partidos desse espectro político, a direita entregou 32 votos, incluindo um do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Se não quer contribuir com a discussão, a direita perde uma oportunidade de ficar calada. A redução na jornada é um caminho sem volta.

Não tratem a discussão como lados a tomar parte, bandeira para alimentar bolhas, mas como deve ser, de benefício mútuo. A economia de um país não se move apenas pelo empregador, alguém tem que colocar a mão na massa. Não se esqueçam disso.

Mas, aqui vai um conselho para os trabalhadores: fiquem de olho para que a redução da jornada não resulte em novas formas de se precarizar as relações de trabalho. Cobrem transparência, sem paixões.

Da Paraíba, apenas os deputados Damião Feliciano, Gervásio Maia, Luiz Couto, Murilo Galdino e Ruy Carneiro assinaram o pedido para que a PEC possa tramitar. São 12 eleitos pelo estado. Assinar não tiraria pedaço. Não fazê-lo significa desconsiderar uma parcela significativa da população.