Uma criança, um aborto e uma sociedade fingida

Não. Não contem comigo para compactuar com protestos “políticos” – é isso que são – contra o aborto a que foi submetido a criança de 10 anos, estuprada pelo tio desde os seis anos de idade. Não tentem colocar na minha cabeça que a menina é uma “assassina”, por não querer defender essas teses hipócritas e absurdas. Respeito a opinião de todos, respeitem a minha. Mas, falsos ideologismos não contam com paciência. A ilustração é do Jornal O Globo.

Eu não sou a favor da banalização do aborto. Se utilizar do procedimento para justificar uma simples ausência de um contraceptivo, também não contem comigo. Mas, quando o aborto é amparado pela lei? Não tenham dúvidas, contem comigo. Sem falar que ninguém pode decidir pelo corpo do outro, pela cabeça do outro. Cadê o respeito? Ah! Esqueci que só se cobra respeito quando não somos afetados.

Que inversão de valores descabida é essa?. Pensem bem. Avaliem o que vocês postam e o que vocês estão falando, da boca para fora, disso eu tenho certeza, dessa menina, pressionando a família, como se alguém que se posiciona como defensor da vida, se importe verdadeiramente. Mas, eu pergunto: estamos falando da vida de quem? Da sua, da criança ou do feto?

Os que bradam aos quatro ventos são os mesmos que escondem esse tipo de violência dentro da própria família. São os mesmos que não pensariam duas vezes em tomar atitude como essa se fosse a criança, sua filha, sobrinha ou neta. A não ser que não estejam nem aí, o que também acontece, muito mais do que se imagina.

O estupro também é um aborto, e não importa se a vítima tem 1 mês, 10 anos ou 80 anos. Ao ser estuprada, essa criança de 10 anos também teve abortada sua infância, a vida inteira com um trauma. Segundo o médico que fez o procedimento, a menina disse estar “aliviada”. Eu também estaria aliviada. Não dá para mensurar as dores da alma.

Quer defender a vida: Defenda mudanças no Código Penal. E não ficar na porta de hospital, gritando palavras de ordem, fazendo “posezinha” de bom samaritano. Políticos, sejam de direita ou esquerda, que não querem cumprir com seu papel e deixam a coisa “correr solta”. E ainda presenciamos uma Sara Winter da vida que, em defesa da vida, expôs a identidade de uma criança. Que defesa da vida é essa?

A ilustração é do Jornal O Globo.

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